domingo, 20 de novembro de 2016

DIA NACIONAL DA CONSCIÊNCIA NEGRA


O Brasil celebra hoje, o Dia da Consciência Negra. A data, 20 de novembro, foi escolhida para homenagear e lembrar o dia da morte de Zumbi dos Palmares que foi a maior referência de resistência negra à escravidão quando ainda éramos colônia.

Zumbi liderou o Quilombo dos Palmares (localizado na região da Serra da Barriga, hoje município de União dos Palmares, em Alagoas) que era uma comunidade livre formada por escravos que fugiram dos engenhos, por brancos pobres expulsos das fazendas e por índios que escaparam do extermínio.

A data deveria ser utilizada para a, efetiva, conscientização da população brasileira sobre a desumanidade marcada na maior parte da História do nosso país, contra negros e negras.

Mas como conseguir levar adiante tal conscientização com a deseducação que temos há séculos, bem como a manutenção da ideologia separatista, racista, preconceituosa, desigual e que discrimina seres humanos?

A resposta é que não há interesse, para a minoria dominante desde a escravidão até os dias atuais, que cidadãos e cidadãs tenham os mesmos direitos, as mesmas oportunidades e possam conviver democraticamente. Em outras palavras, o Brasil nunca deixou de ser escravocrata. A classe dominante continua em seu trono reclamando de seus(suas) uniformizados(as) subalternos(as).

A exploração antes oficial, passou a estar sob as vestes da falsa liberdade promovida pela democracia burguesa. O reinado da hipocrisia segue seu curso de forma soberana e intocável com estratégias simples de serem percebidas.

A educação, por exemplo, foi aprisionada na escolarização onde se ensina unilateralmente a forma mais eficaz de se obter o sucesso através da opressão e na manutenção da desigualdade de classes. O professor é a única referência de conhecimento e o que ele apontar como correto deve ser cegamente seguido. 

Trata-se de uma relação fria entre professores e alunos no exercício de adestramento, robotização, individualismo e consequente desumanização da sociedade.

A conscientização surge no âmbito do lucro, do poder e do ter reforçando a ideologia conservadora que nunca permitirá igualdade e liberdade plenas à sociedade.

É preciso ser doutor para ser patrão e explorar seus empregados (os escravos de outrora). E se esses não agradam, são ameaçados, xingados, discriminados, humilhados (como se fossem levados ao tronco ) e demitidos.

Como se isso não bastasse, a comunicação social também possui seus poucos donos e senhores da verdade que reproduzem tais valores à massa, impondo seus ideais a milhões de ignorantes mergulhados no senso comum, que sequer tem o conhecimento de que os espaços utilizados pelos canais de comunicação (televisão por exemplo) são do povo brasileiro, sendo concessões públicas.

Apesar de reconhecer que vivemos um museu recheado de novidades, a parcela consciente da sociedade não pode olvidar a representatividade dessa data e a árdua luta que ela representou e continua representando.

Se o status quo continua intocável, urgem ações paralelas que promovam a consciência histórica e cidadã capazes de enraizar a convivência digna e democrática entre brasileiros e brasileiras.

Rodrigo Sérvulo da Cunha é advogado e cientista social.


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