segunda-feira, 30 de março de 2015

10 ANOS EM DERIVA: COLETIVO MAPA XILOGRÁFICO LANÇA "CAMPANHA FINANCIAMENTO COLETIVO 2015"


O Coletivo Mapa Xilográfico promove uma investigação artística e histórica dos bairros/cidades, mediante o mapeamento das árvores cortadas nas ruas, utilizando a técnica da Xilogravura para a impressão da superfície dos troncos, relacionando, de forma simbólica, árvores e moradores como testemunhas do processo de urbanização e seus desdobramentos.

Em suas imersões, vivencia uma espécie de residência artística em cada localidade, colocando-se à deriva em busca de aproximações com a paisagem, ritmos, pessoas, histórias e propondo novos territórios para a construção de um processo criativo provocado pelas circunstâncias de cada lugar.

Trata-se da experimentação de um outro tempo-espaço, abrindo frestas no cotidiano urbano, que convida os praticantes do lugar para trocarem saberes, produzirem documentos audiovisuais, xilogravuras e intervenções urbanas.

Para comemorar os 10 anos de existência, o Coletivo Mapa Xilográfico lançou o projeto MAPA XILOGRÁFICO: 10 ANOS EM DERIVA cujo objetivo é editar todo o material de intervenções, oficinas, entrevistas e debates realizados nestes 10 anos e que ainda não está público e criar um site para ser baixado gratuitamente.

Durante todo esse período, o Coletivo mergulhou na cidade de São Paulo vivenciando uma espécie de residência artística em cada localidade, colocando-se à deriva em busca de aproximações com a paisagem, ritmos, pessoas, histórias e propondo novos territórios para a construção de um processo criativo provocado pelas circunstâncias de cada lugar.

Para poder compartilhar todas estas imersões, está angariando fundos de maneira autônoma, sem sites intermediários.

Para conhecer mais a respeito: http://colaboramapaxilo1.blogspot.com.br/

sábado, 21 de março de 2015

PAULO FREIRE PRESENTE!

Durante as manifestações do último domingo (15/03) foi possível verificar além do ódio, da intolerância, da incitação ao golpe e ao fascismo, referências ofensivas a um dos mais importantes pensadores da história recente da humanidade, o educador Paulo Freire.

Repudiamos tais manifestações reproduzindo abaixo a carta aberta publicada pelo Grupo de Estudos e Pesquisas Paulo Freire (GEPPF) da Universidade Federal do Espírito Santo/UFES em defesa da pedagogia Freireana.

Carta Aberta: Obrigado Paulo Freire!

Prezados(as),
Vimos à presença de vocês pedindo licença para nos posicionarmos, primeiramente enquanto educadores(as) capixabas e brasileiros, e depois como estudiosos/pesquisadores da educação, frente a algumas manifestações particulares no interior das manifestações do último domingo, dia 15/03/2015.
As declarações de ódio explícito a Paulo Freire e sua suposta “pedagogia de doutrinação comunista” foi uma das marcas dos protestos ocorridos no último domingo em vários lugares do Brasil.
Certamente, quem estendeu cartazes desse tipo atacando, senão o maior, um dos maiores educadores brasileiros de todos os tempos, reconhecido internacionalmente como autor de uma obra magnífica e também como símbolo de uma práxis pedagógica a serviço da construção de uma sociedade mais humana, justa e democrática, desconhece a sua história, não leu a sua obra ou, se leu, não a compreendeu.
Qualquer leitor atento da obra de Freire é obrigado a reconhecer que a sua Pedagogia é atravessada pelo princípio do diálogo como método essencial de construção do conhecimento. Não conseguimos entender como é possível que alguém que afirma e reafirma reiteradamente o diálogo como o caminho necessário para uma educação que respeita a autonomia dos educandos, pode ser rotulado de doutrinador.
A educação é por princípio uma atividade de difusão de valores políticos, axiológicos, estéticos, ideológicos etc. Freire insistia em nos alertar: NÃO EXISTE EDUCAÇÃO NEUTRA.
Transmitir conteúdos prontos sem problematizar os diferentes usos que se faz e que se pode fazer deles na vida concreta da sociedade tem sido a prática dominante da educação escolar brasileira há séculos. Tal processo tem ocorrido de modo dogmático, autoritário, antidialógico e antidemocrático. Ou seja, promovendo (aí sim) uma doutrinação política em favor de uma ordem autoritária, hierárquica, injusta, formadora de sujeitos submissos, incapazes de compreender o uso social do conhecimento que é sempre subordinado a algum interesse.
Freire explicitou que não existe conhecimento e professor que pairam acima das circunstâncias sociais. A educação não é neutra, ao contrário, é sempre a favor ou contra algo, a favor ou contra alguém, a favor ou contra uma dada realidade.
Assumindo-se o caráter eminentemente político de qualquer ato educativo, o educador, de fato, não é aquele que se diz neutro, e sim aquele que abre o diálogo com os educandos a respeito das suas visões de mundo, problematizando-as e buscando seus fundamentos. Freire nos ensinou a fazer isso, ou seja, ensinou-nos a fazer uma educação adequada a uma sociedade democrática.
Tempos difíceis esses em que vivemos. Pessoas que não se importam de marchar junto com outras que pedem intervenção militar acusam Paulo Freire, um dos maiores símbolos da luta democrática do Brasil, de defender a doutrinação na educação.
Se tivéssemos certeza de que esse tipo de deturpação e inversão da realidade não passasse de mera provocação sem maiores danos, nem precisaríamos nos dar ao trabalho de responder e comentar. Porém, infelizmente, não é assim. A história nos ensina que um povo movido por ódio, ignorância, irracionalidade e manipulação midiática pode provocar muitos estragos.
Pode, inclusive, manchar uma obra reconhecida mundialmente, independentemente do sistema político adotado, pois se trata de uma obra moderna, humanista, democrática e defensora do respeito aos seres humanos e seus direitos. Inclusive os que com honestidade intelectual e política discordam, reconhecem que é uma obra eminentemente dialógica.
O Brasil, com suas condições objetivas, produziu no decorrer do século XX este educador e pensador da educação reconhecido pelo mundo, que não sejamos nós, neste início de século XXI a desfazer esta lição de diálogo e democracia.
Freire nos ensinou a fazer da educação um instrumento de luta a favor dos mais vulneráveis da sociedade e revelou que a educação hegemônica tem servido aos poderosos. Seja por desonestidade, seja por ignorância, seja por manipulação, seja por cumplicidade com a ordem social vigente no planeta, os que levantam cartazes contra Paulo Freire fazem um desfavor à educação do Brasil e do mundo.
Diante de tudo o que dissemos anteriormente resta-nos concluir dizendo e conclamando a todos(as) educadores(as) deste país a se indignar, dizendo:
OBRIGADO PAULO FREIRE: por ter aberto os nossos olhos sobre o potencial da educação.
OBRIGADO PAULO FREIRE: por ter nos legado uma obra de tanto valor.
OBRIGADO PAULO FREIRE: por nos deixar orgulhosos por saber que um brasileiro é tão lido e respeitado no mundo inteiro, inspirando milhões de educadores e estudiosos, que veem em sua vida e em sua obra uma inspiração para continuar lutando contra todas as formas de opressão e para continuar desvendando as deturpações promovidas por aqueles que se acham os únicos merecedores de uma vida digna.

Grupo de Estudos e Pesquisas Paulo Freire (GEPPF) da Universidade Federal do Espírito Santo

segunda-feira, 16 de março de 2015

PROFESSORES REALIZAM GREVE NO ESTADO DE SÃO PAULO

Os professores da rede estadual de ensino do Estado de São Paulo decidiram em assembleia, na última sexta-feira (13), realizar greve por tempo indeterminado.

Os profissionais da educação reivindicam a reabertura de classes (no início do ano foram fechadas 2.704 classes em todo o Estado gerando superlotação de alunos nas que permaneceram abertas), reposição das verbas cortadas nas escolas que estão sem material básico para o trabalho pedagógico e a higiene pessoal de alunos e professores, a solução para a falta de água, 75% de aumento nos vencimentos para a equiparação salarial com os profissionais de ensino superior completo (como determina o Plano Nacional de Educação), entre outras reivindicações.

Os Advogados para a Democracia apoiam a decisão como uma forma necessária, legítima e legal para que se restabeleça a dignidade da educação no Estado de São Paulo.

Lembramos que a greve é um direito constitucional a todos os professores independentemente de categoria e/ou situação funcional.

Caso exista alguma dificuldade para que tal direito seja exercido, denuncie! 

Junte-se à campanha DeseducadoSP através do e-mail coadesp@gmail.com.

COMISSÃO DA VERDADE DO ESTADO DE SÃO PAULO PEDE PUNIÇÃO DE TORTURADORES DA DITADURA


 Da Agência Brasil

A Comissão da Verdade Rubens Paiva, da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), iniciada em 12 de fevereiro de 2012, encerrou na última quinta-feira (12) seu trabalho, apresentando relatório final em que pede – entre 150 recomendações temáticas e 18 gerais – a punição dos agentes responsáveis por torturas, desaparecimentos e mortes durante a ditadura militar. O relatório final será encaminhado à Comissão Nacional da Verdade, ao Arquivo Público Nacional e ao Ministério Público Federal.

“Houve 150 recomendações [finais], mas eu destacaria duas que motivaram a criação da Comissão da Verdade Rubens Paiva: a localização dos restos mortais dos desaparecidos para que as famílias possam dar um sepultamento digno e a punição aos torturadores de ontem e de hoje. O Brasil não pode manter a impunidade, sob pena de ser um Estado de constante violação dos direitos humanos”, disse Maria Amélia de Almeida Teles, coordenadora da assessoria da comissão estadual.

A comissão pediu que sejam revistas e aprofundadas as investigações sobre as mortes dos ex-presidentes da República João Goulart e Juscelino Kubitschek, já que, na visão de seus integrantes, há indícios de que as mortes tenham sido planejadas por agentes da ditadura. Recomenda também a desmilitarização das polícias, a criação de locais de memória dos desaparecidos políticos, bem como a criação de mecanismos de enfrentamento, prevenção e erradicação da tortura, de assassinatos e desaparecimentos forçados por agentes públicos, e que sejam devolvidos, simbolicamente, os mandatos dos deputados estaduais paulistas cassados durante a ditadura.

A comissão pede também que o Estado brasileiro crie políticas e mecanismos permanentes de reparação e indenização às vítimas das violações de direitos humanos cometidas por agentes da ditadura militar e a responsabilização civil e administrativa das empresas que contribuíram com o regime e a perseguição de trabalhadores.


Sugere também que sejam incluídos nos currículos escolares informações e reflexões sobre a ditadura e as consequências que ainda persistem. “Nossa maior recomendação é que as pessoas saibam o que foi a ditadura e quais suas consequências. Esse é nosso maior grito de alerta”, destacou o presidente da comissão, deputado Adriano Diogo (PT), que também foi preso e torturado na ditadura.

Para Amélia Teles, o trabalho da comissão foi baseado principalmente na busca pela verdade e deve ser perpetuado em outras instâncias. “O trabalho não pode se encerrar hoje. O Ministério Público Federal e demais órgãos públicos têm de colher esses relatórios – tanto esse [da comissão estadual] quanto da Comissão Nacional e de outras comissões – e tomar as providências jurídicas que permitam o devido processo legal dos acusados de tortura, assassinatos, estupros e desaparecimentos forçados”, disse ela.

“Para alcançar a verdade ainda falta muita investigação, a abertura dos arquivos militares e a cooperação, principalmente, do Ministério das Forças Armadas e das Relações Exteriores, que têm documentos fundamentais para o avanço das pesquisas e das investigações”, acrescentou ela.

O relatório final estará disponível na plataforma virtual Verdade Aberta. São 26 capítulos temáticos, 188 casos detalhados de pessoas mortas e desaparecidas, além de todas as recomendações e o conteúdo desenvolvido pelos grupos de trabalho. A plataforma é multimídia, com vídeos das audiências públicas, fotos e documentos levantados pela comissão, além de três livros publicados durante o trabalho da Alesp.

Presente à apresentação do relatório final da comissão estadual, o ex-coordenador da Comissão Nacional da Verdade (CNV), Pedro Dallari, elogiou os trabalhos e disse que todas as comissões da verdade (legislativas, sindicais, setoriais, universitárias e outras que foram criadas em todo o país) "ajudaram a multiplicar o que já vinha sendo feito" pela CNV.

“As investigações que realizamos não começaram conosco e não vão acabar conosco. Vêm de antes, com os documentos contemporâneos da época em que as violações foram praticadas, e seguirá. Esses relatórios é que permitirão que pesquisadores nas universidades e nos movimentos sociais e a imprensa deem continuidade à investigação. Tenho segurança de que, nos próximos anos, muitas coisas vão ainda acontecer. No âmbito do governo federal, o que tem em discussão é a comissão de seguimento. O relatório da Comissão Nacional defende que haja continuidade do trabalho para que as recomendações possam ter acompanhamento por parte do governo”, disse Dallari.

sábado, 14 de março de 2015

MANIFESTAÇÃO SIM. GOLPE NÃO


Por Rodrigo Sérvulo da Cunha

Desde 2002 com a "carta ao povo brasileiro", documento publicado pelo Partido dos Trabalhadores como forma de retirar de parte da sociedade o medo e o preconceito com o candidato Lula à presidência, a luta por um projeto social alternativo de país, tema que ensejou junto a outros a criação do PT, vem a cada governo perdendo força.

Hoje, após vencerem quatro eleições consecutivas para presidente, os Trabalhadores que estão no poder institucional podem afirmar que conseguiram avanços importantes nesse período especialmente no tocante aos programas de inclusão social. Não obstante, deve-se ressaltar que não houve em nenhum momento por parte do governo um enfrentamento para mudar as causas que levam a população do país estar dividida por classes e ter um sistema que age sistematicamente impondo a exclusão. Junte-se a isso, o distanciamento de lideranças do PT com relação às bases fazendo com que ficasse paralisado o necessário entendimento da ampla relação de poder existente em todos os setores da sociedade. A politização foi esquecida. Tudo em função da governabilidade que supostamente conseguiria assegurar o movimento necessário do governo no sentido de ter maior liberdade para tratar das urgentes demandas dos brasileiros, especialmente os mais pobres. Ledo engano!

Diante desse cenário, o que se vê é a presidente e sua equipe com sérias dificuldades de articulação fazendo com que os aliados, que não são e nunca serão aliados efetivamente, dificultem esse processo também pelo perfil ideológico diverso e, por outro lado, as bases que ficaram esquecidas por opção do PT se veem incomodadas com essa situação e criticam o governo legitimamente.

Para piorar, os setores conservadores da sociedade cresceram nos últimos anos criando o sentimento de ódio e se apresentando para o confronto direto. Mais do que uma revolta da elite que sempre mandou neste país, se estabeleceu um processo fascista, especialmente, na República Tucana Paulista.

O que causa espanto é a inabilidade de Dilma, do seu governo e do PT diante desse diagnóstico. Todos continuam acreditando que seja possível a manutenção da atitude "paz e amor" se esquivando das tentativas de golpe que batem à porta. 

Os conservadores através do aliado e criminoso poder midiático criaram simulacros negativos ao atual governo para defender os seus interesses como historicamente sempre fizeram e não há uma reação por parte de Dilma legitimamente eleita pela maioria do povo brasileiro.

Apenas reiterar que a manifestação dos cidadãos é legítima não trará solução. É preciso mais! É preciso deixar o protocolo de lado! É preciso se desencastelar! Caso contrário o fascismo irá cassar todos que deste governo participam!

É urgente uma postura sólida em favor da reforma política, de um novo modelo de entendimento cultural sobre democracia, relações de poder, partidos e representantes eleitos. É impossível seguirmos na arcaica e falida forma de entender o funcionamento do Estado Democrático de Direito sob premissas do sistema capitalista. O Partido dos Trabalhadores precisa retomar suas origens chamando a sociedade para essa luta e, se for necessário, se apresentar para o confronto com argumentos, programas e ações sólidas de transformação para o nosso país.

Apesar de infelizmente se distanciar de seus princípios, como fez o PT ao longo dos últimos doze anos, é inaceitável que se coloque em pauta uma tentativa de impeachment da presidente sem qualquer embasamento legal como está ocorrendo no país. Isso é golpe. É inconcebível ignorar a legalidade, a legitimidade e a vontade da maioria dos cidadãos e cidadãs em favor da minoria que, inclusive, é financiada pelos golpistas do Norte (prática utilizada por empresas, empresários e governo norte-americanos há séculos não apenas no Brasil mas mundo afora fazendo valer seus interesses a qualquer custo como registra a história da humanidade).

Até quando os cegos do castelo continuarão preocupados em nascer e morrer enquanto estão com suas cabeças na alça de mira dos conservadores, reacionários e golpistas?

"Este artigo reflete a opinião do autor e não do coletivo. O COADE não se responsabiliza e não pode ser responsabilizado pelas informações, conceitos ou opiniões do autor ou por eventuais prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso da informações contidas no artigo."